quinta-feira, setembro 07, 2006

NOITE FOLCLÓRICA



"A Vila de Ponta Negra tem muitos “encantos” e, sobretudo, tem história, que deve ser preservada."
Maria da Conceição Lira de Paiva

Alexandro Gurgel

Congos de Calçola de Ponta Negra

XII Congresso Brasileiro de Folclore apresentou folguedos na praia da Redinha

Alexandro Gurgel
De Natal, Especial para O Mossoroense

Durante a semana passada Natal foi a capital nacional do Folclore, sede do XII Congresso Brasileiro de Folclore. A riqueza cultural popular que possui o Estado foi um dos motivos que levou a Comissão Nacional do Folclore a escolher a cidade para sediar essa edição do evento, onde os congressistas participaram de debates, conferências, exposições, mesas-redondas, oficinas, lançamentos de livros e apresentações culturais.

O congresso foi realizado no Cefet e na Fundação José Augusto, tendo como tema principal “Folclore e Turismo: cenário de inclusão social”. Uma vasta programação cultural ocorreu paralela ao evento, resgatando o espírito folclórico em vários pontos da Cidade dos Reis Magos.

Para um pequeno ajuntamento de pessoas da comunidade de Santos Reis e alguns convidados, o Boi de Reis de Manoel Marinheiro abriu o séqüito folclórico com uma apresentação no adro da Igreja de Santos Reis. Na ocasião, foi lançado o livro “Folia de Reis”, do folclorista carioca Affonso Furtado.

Na penúltima noite de agosto, galantes, foliões e brincantes transformaram a praia da Redinha num grande palco a céu aberto para celebrar a história de Cornélio Campina. Sem ninguém esperar, sem nada a ser dito de antemão, Carlinhos Bem começa cantando “Linda Baby”, de Pedrinho Mendes, no átrio da capelinha dos pescadores.

Com o palco montado no Largo João Alfredo, tendo como cenário o Mercado Público, o Redinha Clube, a Igreja de Nossa Senhora dos Navegantes e o rio Potengi, vários grupos folclóricos apresentaram seus autos, repleto de cores, danças, cantigas e magia, numa performance colorida para o encantamento de poucos presentes.

De acordo com Eduardo Alexandre, coordenador do Centro de Documentação Cultural (Cedoc), responsável pelas apresentações do cortejo folclórico, o objetivo é a documentação e a apresentação pública de autos populares que vêm dos tempos coloniais, trazidos pelos colonizadores europeus ibéricos e escravos negros da costa oeste africana, que aqui ganharam influência da cultura dos índios de Pindorama.

O Boi de Reis de Felipe Camarão mostrou que a tradição do mestre Manoel Marinheiro continua viva, cultivada entre os mais jovens dançarinos. Pastoril de Tibau do Sul, Congos de Caçola de Ponta Negra, Grupo Cavalo Marinho de Bayeux (PB), Caboclos de Major Sales, Coco Maracajá e o grupo Araruna fizeram uma homenagem ao mestre Cornélio Campina pelos 50 anos dedicados à vida das danças antigas e semi-desaparecidas.

“Esses cortejos foram pensados não para se caracterizarem como grande espetáculo, mas para proporcionarem aos grupos condições espaçosas e propícias às apresentações. Eles evoluíram em espaços de 40 minutos entre um e outro, mostraram a beleza particular de cada um deles, em enredos, indumentárias e cantos”, enfatizou Eduardo Alexandre, ressaltando que tudo foi devidamente documentado em fotos e vídeos.

A noite folclórica na Redinha encerrou com Fernando Tovar cantando a Serenata do Pescador, mais conhecida por Praieira, considerada por muitos potiguares como hino de Natal. Tovar também interpretou modinhas do começo do século passado, fechando aquele momento mágico, numa noite de epifania folclórica.