sábado, agosto 26, 2006

BALANÇA, MEU BOI

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Evidente que as raízes do boi calenba são portuguesas, ligadas ao ciclo do gado, para vários autores. Outros, vêem o sincretismo europeu e banto. Mestre Mário de Andrade considera o boi calemba fundamentalmente nacional, na sua música, tipos, costumes.
Personagens centrais: O Boi, Vaqueiros (Mateus e Birico), Rosa, Caipora, Burrinha, Galantes, Catirina
Veríssimo de Melo, in Xarias e Canguleiros


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Boi lombrado, de Diniz Grilo (acervo:UnP)

BALANÇA MEU BOI, BALANÇA:
A CULTURA POPULAR NAS ARTES PLÁSTICAS

IAPERI ARAUJO
Da Comissão Norte-riograndense de Folclore
e da Comissão Internacional
de Medicina Popular da IOV/UNESCO

A cultura do povo tem sido um dos principais motivos de inspiração dos artistas plásticos principalmente por refletir a alma do povo em todas as suas manifestações e por fazer parte do universo cultural onde as artes plásticas estão inseridas.

Inegável a contribuição dessa ideologia feérica do povo. Nela estão presentes não somente as manifestações dos ludi, o festivo, as brincadeiras, as festas e alegorias, mas também o cotidiano do lavor, o trabalho diuturno na casa, no campo, nas cidades e nas feiras.

A cultura popular comporta um imenso universo de manifestações e esse universo se apresenta em todas as suas formas nas artes plásticas, sendo bebedouro dos artistas na sua inspiração, quando desejam fazer uma arte genuína e nacional.

Da casa do povo captam os motivos mais singelos do cotidiano. A vida simples nos pequenos gestos do fazer e do viver. O criatório dos pequenos animais, a comida, o mobiliário e o vestuário. O criar os filhos, o dar de comer aos animais do seu terreiro, lavar roupas nos rios e cacimbas, costurar, fazer suas tarefas domésticas.

Nesse fazer diário, o artista também se inspira nos pequenos gestos populares do cuidar das plantas de ornamento do jardim e do sustento do pomar. No lavrar a terra e colher seus frutos nos insuspeitos rituais bacantes de fertilidade.

Da rua, a inspiração vem das festas alegóricas, sempre carregadas do espírito de religiosidade. Os pastoris, reisados, lapinhas, camaleões e danças tradicionais. A marujada, os congos, o fandango da nau catarineta, as bandeirinhas de São João, o espontão e a procissão dos negros do rosário.

Essa a cultura genuína do povo que os artistas plásticos, inseridos em seu contexto, percebem seu pulsar de vida a cada momento e transferem para as expressões de sua arte, esse permanente estímulo, recriando-a com seu estilo e sua forma de expressão para garantir sua sobrevivência, pelo menos através do registro.

Todo artista tem compromisso com seu povo e com seu tempo. A história que é mestra tem mostrado isso, razão pela qual a cultura popular tem sido essa marcante experiência de vida, integrando o processo de criação das artes plásticas como razão e vida do nosso povo.